Mas, já chega de vos confundir, vou começar desde o inicio.
Ontem, visto os meus avós fazerem anos de casados, ia haver uma festa num restaurante qualquer (não cheguei a saber nem me memorizar o nome, mas isso também não importa visto não termos chegado a ir lá de qualquer maneira), e antes disso íamos a uma missa. Pronto, era uma tradição que costumava acontecer nesse dia, e a família juntava-se para tal, e, como costuma acontecer, é super divertido, mas ontem foi "ligeiramente" diferente dos outros anos.
Aquilo que não sabem é que eu tenho feito um treino diferente de tudo o que já fiz, chamado de Calisthenics, que é basicamente treinares o teu corpo com o teu próprio peso, e consegues fazer coisas bastante fixes e tal, por isso tenho treinado, principalmente ao final do dia, pois é quando está menos calor, e isto todos os dias, seguindo um plano em que tenho por semana 1 dia de descanso (noutra nota hei de falar disso), por isso não ando a cometer nenhuma loucura, ainda!
Mas, voltando ao tema principal.
Por causa de todos os planos para o dia, despachei-me a almoçar para poder treinar o mais cedo possível de modo a manter o meu treino (isto é, o ritmo que estava a tentar levar, pois já tinha tido uns quantos imprevistos e tal...) e ainda assim estar com a família, juntando o útil ao agradável, apesar de isso significar mais cansaço no final, coisa que por acaso até tenho lidado muito bem.
Bom, então, ajudar na casa até chegar a hora para ir treinar, parecia-me um bom plano, e tanto era que no final foi o que aconteceu, e com isso, chegou a hora para ir treinar.
Pensei em fazer 4 a 3 séries para não demorar muito tempo (o que deveria fazer são 5, mas isso demora-me um pouco mais de 2h30min [pelo menos ainda não as tentei fazer uma segunda vez, por isso não sei xs], por isso, decidi não arriscar e despachar-me o mais depressa possível), mas no final da 1ª série, tudo rapidamente ficou de pernas para o ar.
Olhei para o céu e reparei que uma nuvem negra subia rapidamente pelos céus, e a direção só podia indicar duas coisas: ou uma casa ali perto estava a arder (coisa que não acreditava nem um bocadinho), ou o monte para aquele lado estava a arder... e para aqueles lados ficava a minha casa...
Liguei a minha mãe e descobri que estava bastante perto da minha avó, e que os bombeiros não tardariam a ir (coisa que se confirmou um bocado depois), e com isso, estava tão empenhado e vidrado no meu treino que cheguei a dizer que se fosse mesmo preciso a minha ajuda que me ligassem que eu ia, como quem diz "não vou fazer nada aí, por isso deixo quem sabe arranjar-se e eu vou continuar a treinar o que puder aqui para o que conseguir fazer em casa ficar para último, de modo a poder voltar mais cedo"!
Pelo menos tive o bom senso de olhar novamente para a nuvem negra e começar a correr para casa.
Entre correr, caminhar, correr e caminhar, acabei por chegar perto de casa, onde a nuvem era monstruosamente grande e o fogo visível. Para nossa sorte, o pior já tinha passado visto que a casa da minha avó já não estava em perigo, mas agora o fogo estava a aproximar-se da nossa... (ainda não vi como ficou o terreno da minha avó, mas se ficou tão mau como o que anda por aqui...)
Uma comparação, do negro do carvão com o meu gato, e olhem que ele é um
branco bem sujo!! O cheiro a queimado ainda se sente por aqui.
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Mal estava tudo "pronto", andei ali um pouco as voltas sem fazer muito e a ver o fogo a aproximar-se, mas os bombeiros estavam mesmo a frente da minha casa, por isso não em pânico e assim, mas preocupado que as coisas não corressem como se queria (nem sei como é que seria, sinceramente...).
Enquanto isso, pareceu-me que eles estavam muito despreocupados, mas na verdade eu acredito que eles não fizessem a mínima ideia do que deviam fazer, pois aquilo crescia a olhos vistos! Aquele fogo não parava e a cada segundo que passava as coisas só ficavam cada vez mais feias, e deitar água para um fogo com aquela intensidade e calor, era um gasto de recursos enorme, pois não ia fazer nada!! E eu repito, NADA!
Entretanto, eu reparei num pedaço de mato seco (sem qualquer ligação direta com o fogo, por isso calculo que uma faúlha deva ter aterrado ali) a começar a arder, e então decidi saltar o muro da minha casa e ir lá dar umas calcadelas, mas, e arrependo-me profundamente (tipo, sim, e não, mas já digo porquê), fui como quem "ai ai que queima", coisa que não era o caso... Com isto, acabei por não fazer muito e o fogo apanhou mato mais alto, e aí é que o pesadelo começou...
Eu não me lembro se gritei para virem ali apagar, mas mesmo que me tivessem ouvido, ninguém estava preparado para o que viria a seguir!
O fogo subiu o mato com uma velocidade, e enquanto eu corria para longe e subia novamente o portão, a temperatura continuava a subir, independentemente do quão afastado eu estivesse daquela parede de fogo!
Para piorar, eu ainda não tinha vestido a minha camisola, e ainda por cima o fogo que vinha a subir o terreno, decidiu juntar-se a este recém formado. Não foi uma criação bonita de se ver, e a única coisa que separava aquele monstro da minha casa era um caminha em terra batida...
Aqui podem comparar a cor da relva que foi afetada pelo calor e a que se conseguiu
safar por causa de um espécie de muro...
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A única coisa que me lembro de que tinha receio, era de faúlhas caíssem em cima de mim e me queimassem, mas estava mais preocupado com os meus olhos e assim, pois de resto não sei em que é que pensei mais, mas uma coisa tenho a certeza... mal pude, saí dali!
Para perceberem o que se passou melhor, eu mal entrei dentro de casa, comecei a correr de modo a que a casa me servisse de escudo contra o fogo, tudo para vestir a camisola. Mal fiquei "pronto", avancei para ajudar com a mangueira e... ali estava... uma coluna de fogo e fumo negro a pouco mais de 3 metros de mim, ameaçando entrar para o meu terreno e queimar-me vivo...
Não me lembro se estava muito calor, mas, para verem, queimava tudo, sem ter que tocar em nada, por isso... sim, devia estar mesmo muito calor.
Depois disso outra zona do meu terreno ameaçou começar a arder por causa de uns fogos que estavam a aparecer por causa do calor, mas que foram apagados antes de poderem fazer algum mal. E o resto é palha para a fogueira porque a partir desse ponto, mais nada importava... Se bem que o fogo acabou por ameaçar a cada de férias da minha tia, e isso é sempre preocupante, mas entretanto um tio meu já tinha chegado e foi ajudar o meu pai nesse caso, e eu fiquei pela minha casa a vigiar.
Para terem uma ideia, quando estava tudo verde, não dava para ver nada
do outro lado... Agora até vejo as estradas e os carros <.<
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Se querem que vos diga, eu já tive muito medo, ou assim pensei, mas aquilo que eu achava que era medo, era eu num modo extremamente nervoso em que tremia por tudo e por nada e em que me acobardava bastante, mas agora, não sei se concordo, até porque muitas vezes este medo vinha alimentado com muitos pensamentos colaterais da minha pessoa, o que não ajudava nada.
Neste caso, foi tudo... tão real e intenso, que não sei ao certo o que senti, mas de uma coisa estou certo: eu não fugi com o rabinho entre as pernas enquanto o fogo estava no seu pico!
Talvez tenha sido o meu pai a chamar por mim, ou outra coisa qualquer, mas no final acabei por enfrentar o fogo a poucos metros de mim, ainda que com uma vontade enorme de me ir embora, enquanto que o meu pai fazia completamente o contrário, e se pudesse apagar as chamas com as mãos, acredito que o teria feito!
A vedação "safou-se", como podem ver, se bem que para o fogo que esteve
já foi muito bom não ter ardido!
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Quem fez estes fogos não sabe o quão poderosos eles são e o quão maus podem ser para as outras pessoas, ou, e deve ser o caso, nem querem saber disso, assim como as restantes pessoas, pois isto tudo aconteceu porque alguém se lembrou de cortar árvores atrás de árvores no seu belo terreno e deixar as folhas todas lá, o que, depois de secas, é a melhor coisa para um fogo crescer... coisa que acabou por acontecer. Agora, vão pagar alguma coisa por isso? É melhor esperar sentado por isso...
Agora... a minha vida voltou ao normal e já são horas para ir treinar. Com isto tudo aprendi a respeitar ainda mais a natureza e quanto ela pode ser destrutiva, pois fogo posto ou não, nada impediria um fogo de causas naturais de atingir o poder que eu vi a poucos metros de mim!
Espero que isto me tenha ensinado alguma coisa e que me tenha feito crescer um pouco mais, e, quem sabe, se um dia vou conseguir enfrentar outro fogo igual, ou mais poderoso ainda, sem sequer pensar duas vezes se devo ajudar ou fugir.
Mas isso só o tempo o dirá.
Por agora é tudo o que tenho para dizer.
Espero, como espero sempre, escrever com mais pontualidade e assiduidade (porra, até parece que estou na escola...).
Fiquem bem e até uma próxima!
P.S.: Agora, o que antes foi mato verdejante, que formava um muro em frente da nossa casa, não passa de terra negra (as cinzas já foram com o vento, mas depois do fogo passar eram bem visíveis, assim como o fumo que saía da terra...) com algumas estacas de carvão cravadas no chão... Lá se foram as amoras de graça (havia um bom conjunto de silvas nesse muro de verde)...
P.S. do P.S.: Desculpem a "nota" extremamente comprida, mas não havia outra forma de dizer isto... Devo acrescentar uma imagem da nova paisagem, talvez hoje ou amanhã, só não devo ter um antes disto tudo, mas pronto, deve chegar para perceberem o quão devastador foi...
Blady... aquela parede de fogo não era brincadeira...!
(a quem o dizes!)
...
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